A dor e os prazeres da vida- Lado B
Parece que muitas histórias de sucesso têm inicio em alguma dor ou fracasso.
Como costumo dizer – faz sentido. Depois de um grande fracasso ou dor, ou uma série de pequenos fracassos ou dores, é um pouco mais fácil a gente se desapegar de algumas amarradas, fiapos de ilusão, ao qual estávamos presos, ainda acomodados no pouco conforto oferecido pelo que é conhecido. E assim desapegados, nos aventuramos por caminhos novos, incertos, mas que tem uma coerência maior com a profundeza de nosso propósito mais íntimo e de certa forma, desconhecido para a nossa consciência.
A minha historia não é diferente.
Desde criança eu tenho dor. Muita dor. Dor de cabeça. Enlouquecedora – quando vocês me conhecerem melhor, vão acabar percebendo que eu sou mesmo um pouco birutinha.
Esta dor me acompanha desde então, com uma frequência muito maior do que eu poderia imaginar. Nas piores fases, eu tenho dor cinco vezes por semana, e nos outros dias, fico de ressaca de tanto medicamento que tomo. Em outras fazes, tenho menos episódios, um por semana, o que eu já acho ótimo.
A partir de um certo momento, depois de tentar todo o tipo de tratamento, medicamentos alopáticos, homeopáticos, tradicionais, alternativos para me livrar desta dor, percebi que estava perdendo de lavada. Nenhum tratamento resolveu a questão, mas não se preocupem, eu não tenho mais a expectativa de que vai chegar este momento quando eu não terei mais esta dor e estou muito bem com esta ideia. Por outro lado, a convivência com esta experiência, me ensinou muitas coisas sobre mim, meu corpo, minha saúde, meu funcionamento.
Desde cedo eu identifiquei as variações sutis que disparavam o processo da dor. Dormir demais ou de menos. Acordar muito cedo ou muito tarde. Barulho muito alto, cheiro muito forte, bom ou ruim. Muito estresse. Muita calmaria. Muito trabalho. Muito descanso. Muito calor. Muito frio. Muito choro. Muita risada. Muita raiva. Naturalmente identifiquei alimentos e bebidas que afetavam o meu funcionamento e também me disparavam a dor. Açúcar, frituras, carnes, álcool, massas, queijos, chocolate, e a lista não para. Conservantes, corantes, estabilizantes, químicos, embutidos, enlatados. Daí a coisa ficou feia. Eu a-d-o-r-o comer. Adoro o tema e tudo o que se relaciona a ele. Adoro cozinhar. Adoro aprender receitas, adoro ler livros de receitas. Adoro falar sobre comida. Venho de uma família de descendentes italianos e acho que não preciso nem explicar. Polenta mole com frango, sanduiche de pernil, maionese, bolinho de chuva, arroz doce, sagu, pão, aff que delícia. Eu ainda lembro da minha avó fazendo bala de coco, puxando a massa e os netos em volta, comendo a bala ainda quente, puxa-puxa. Estas memórias são incríveis e não dá pra jogar fora, porque com ela, iriam também as emoções, a alegria, a cumplicidade destes momentos. Eu nem vou começar a escrever sobre o papel da alimentação nas relações. Já tem muita coisa boa escrita sobre isso. Mas é exatamente disso que estou falando. É exatamente disso que não quero abrir mão.
Mas é comer e ter dor. Faz como então? Eu sou de uma geração que comida saudável era broto de alfafa com shoyu. Argh!!!Assim não dá. Não vou abrir mão deste prazer que vai além do paladar. Então pesquisei, busquei, não me conformei. Encontrei algumas e desenvolvi outras alternativas para o prazer com benefícios. Muitas destas invenções e descobertas vamos ver por aqui. Uma das mais interessantes é o próprio Kombuchá.
Descobri esta bebida em uma viagem e além de eu ter gostado muito do paladar, também me fez muito bem. Daí as pessoas me perguntam: “e depois que você começou a tomar o Kombuchá, a sua dor passou?” e eu respondo: “Não”.
Mas isso é até uma boa notícia, porque eu vou continuar pesquisando e procurando e vou contar tudo pra vocês por aqui.